No pós-guerra, Antuérpia destruída abriga os Jogos e vê a estreia de um Brasil vencedor
Dois anos após o fim da Primeira Guerra Mundial, a Bélgica foi o local escolhido pelo Comitê Olímpico Internacional para sediar a Olimpíada. Em um cenário de destruição, Antuérpia teve que se virar como pôde para abrigar o evento.
O mais importante para as nações participantes era ter de volta os Jogos Olímpicos, cancelados em 1916 por conta do conflito. Ao indicar Berlim como sede da Olimpíada de 1916, o Barão de Coubertin, então presidente do Comitê Olímpico Internacional, ainda esperava contribuir para a paz na Europa e, assim, evitar o conflito.
A iniciativa, porém, não deu resultado. Quando se iniciaram as hostilidades, Coubertin fez pressão sobre os outros membros do comitê para mudar a sede dos Jogos para os Estados Unidos ou para a Escandinávia, regiões naquele momento não envolvidas no conflito. O COI recusou a proposta e, em 1915, quando se tornou evidente que a Alemanha não teria condições de abrigar os Jogos, a entidade anunciou o cancelamento da Olimpíada.
O adiamento deu ao Brasil a chance de se preparar melhor para conseguir uma boa campanha na sua estreia em uma Olimpíada. Com 29 atletas, a delegação nacional chegou aos Jogos mesmo sem ter ainda um Comitê Nacional. Convidado pelo COI, através de Raul Paranhos do Rio Branco, embaixador brasileiro na Suíça, os brasileiros alcançaram um desempenho que parecia promissor, com a conquista de três medalhas: uma de ouro, uma de prata e uma de bronze.
A participação brasileira, no entanto, quase foi cancelada. Quando o navio Curvello, cedido pelo governo do Brasil, aportou na Ilha da Madeira, em Portugal, o comandante percebeu que a delegação só chegaria a Antuérpia no dia 5 de agosto. Para conseguir estar na cidade a tempo das provas de tiro, a equipe desembarcou em Lisboa e seguiu viagem de trem.
Em cinco esportes (natação, polo aquático, remo, saltos ornamentais e tiro), os brasileiros tiveram bom desempenho apenas no tiro. O tenente do Exército Guilherme Paraense tornou-se o primeiro atleta brasileiro, e também sul-americano, a conquistar o ouro olímpico. O paraense de Belém venceu a prova de pistola de velocidade ou tiro rápido. As armas utilizadas pela equipe brasileira na disputa foram cedidas pelos norte-americanos, já que os brasileiros tiveram seu armamento e munição furtados durante a viagem.
A medalha de prata foi conquistada por Afrânio da Costa, na competição individual de pistola livre. Nessa mesma categoria, o Brasil conquistou o bronze, só que por equipes, com Guilherme Paraense, Afrânio da Costa, Sebastião Wolf, Dario Barbosa e Fernando Soledade.
O improviso
Uma das exigências dos belgas, que foram invadidos pelos alemães, para abrigar a Olimpíada foi a exclusão dos países derrotados na Primeira Guerra, encerrada dois anos antes: Alemanha, Áustria, Bulgária, Hungria e Turquia. Dessa forma, pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos modernos, disputas políticas impediram a participação de algumas nações.
Com pouco dinheiro para organizar o evento, os belgas construíram instalações precárias. A pista de atletismo, por exemplo, apresentava várias falhas e ficava impraticável em dias de chuva. Além disso, muitos atletas foram hospedados por famílias belgas. A competição só foi realizada graças à ajuda financeira de uma comissão de armadores navais e de vendedores de diamantes.
Apesar dos problemas, os Jogos de Antuérpia trouxeram inovações. Pela primeira vez foi feito o juramento olímpico, que já tinha sido utilizado de modo experimental nos Jogos Intermediários de Atenas, em 1906. O texto original era o seguinte: "Em nome de todos os competidores prometo que participaremos nestes Jogos Olímpicos respeitando e cumprindo suas regras, com verdadeiro espírito esportivo, para maior glória do esporte e honra de nossos países".
Em Antuérpia, o texto foi modificado com a intenção de dar um tom menos nacionalista, alterando as últimas palavras. A construção "de nossos países" foi substituída por "de nossas equipes". Em 1920, o belga Victor Boin foi o encarregado de pronunciar o juramento durante a cerimônia de abertura, com a mão direita levantada e a esquerda segurando a bandeira olímpica, em nome de todos os participantes.
Pela primeira vez, somente os Comitês Olímpicos Nacionais puderam registrar os atletas participantes. Antes de 1920, algumas associações nacionais não oficiais enviavam representantes para as Olimpíadas.
Também em Antuérpia apareceu a bandeira olímpica, com seus cinco anéis entrelaçados no fundo branco da paz, cada um de uma cor diferente (azul, amarelo, preto, verde e vermelho). Os anéis representam os continentes, mas, de acordo com o COI, é errado o conceito de relacionar uma cor específica a cada um deles. O comitê esclarece que as cores dos anéis, somada à branca da bandeira, representam todas as nações reunidas para participar da Olimpíada.
O mais importante para as nações participantes era ter de volta os Jogos Olímpicos, cancelados em 1916 por conta do conflito. Ao indicar Berlim como sede da Olimpíada de 1916, o Barão de Coubertin, então presidente do Comitê Olímpico Internacional, ainda esperava contribuir para a paz na Europa e, assim, evitar o conflito.
A iniciativa, porém, não deu resultado. Quando se iniciaram as hostilidades, Coubertin fez pressão sobre os outros membros do comitê para mudar a sede dos Jogos para os Estados Unidos ou para a Escandinávia, regiões naquele momento não envolvidas no conflito. O COI recusou a proposta e, em 1915, quando se tornou evidente que a Alemanha não teria condições de abrigar os Jogos, a entidade anunciou o cancelamento da Olimpíada.
O adiamento deu ao Brasil a chance de se preparar melhor para conseguir uma boa campanha na sua estreia em uma Olimpíada. Com 29 atletas, a delegação nacional chegou aos Jogos mesmo sem ter ainda um Comitê Nacional. Convidado pelo COI, através de Raul Paranhos do Rio Branco, embaixador brasileiro na Suíça, os brasileiros alcançaram um desempenho que parecia promissor, com a conquista de três medalhas: uma de ouro, uma de prata e uma de bronze.
A participação brasileira, no entanto, quase foi cancelada. Quando o navio Curvello, cedido pelo governo do Brasil, aportou na Ilha da Madeira, em Portugal, o comandante percebeu que a delegação só chegaria a Antuérpia no dia 5 de agosto. Para conseguir estar na cidade a tempo das provas de tiro, a equipe desembarcou em Lisboa e seguiu viagem de trem.
Em cinco esportes (natação, polo aquático, remo, saltos ornamentais e tiro), os brasileiros tiveram bom desempenho apenas no tiro. O tenente do Exército Guilherme Paraense tornou-se o primeiro atleta brasileiro, e também sul-americano, a conquistar o ouro olímpico. O paraense de Belém venceu a prova de pistola de velocidade ou tiro rápido. As armas utilizadas pela equipe brasileira na disputa foram cedidas pelos norte-americanos, já que os brasileiros tiveram seu armamento e munição furtados durante a viagem.
A medalha de prata foi conquistada por Afrânio da Costa, na competição individual de pistola livre. Nessa mesma categoria, o Brasil conquistou o bronze, só que por equipes, com Guilherme Paraense, Afrânio da Costa, Sebastião Wolf, Dario Barbosa e Fernando Soledade.
O improviso
Uma das exigências dos belgas, que foram invadidos pelos alemães, para abrigar a Olimpíada foi a exclusão dos países derrotados na Primeira Guerra, encerrada dois anos antes: Alemanha, Áustria, Bulgária, Hungria e Turquia. Dessa forma, pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos modernos, disputas políticas impediram a participação de algumas nações.
Com pouco dinheiro para organizar o evento, os belgas construíram instalações precárias. A pista de atletismo, por exemplo, apresentava várias falhas e ficava impraticável em dias de chuva. Além disso, muitos atletas foram hospedados por famílias belgas. A competição só foi realizada graças à ajuda financeira de uma comissão de armadores navais e de vendedores de diamantes.
Apesar dos problemas, os Jogos de Antuérpia trouxeram inovações. Pela primeira vez foi feito o juramento olímpico, que já tinha sido utilizado de modo experimental nos Jogos Intermediários de Atenas, em 1906. O texto original era o seguinte: "Em nome de todos os competidores prometo que participaremos nestes Jogos Olímpicos respeitando e cumprindo suas regras, com verdadeiro espírito esportivo, para maior glória do esporte e honra de nossos países".
Em Antuérpia, o texto foi modificado com a intenção de dar um tom menos nacionalista, alterando as últimas palavras. A construção "de nossos países" foi substituída por "de nossas equipes". Em 1920, o belga Victor Boin foi o encarregado de pronunciar o juramento durante a cerimônia de abertura, com a mão direita levantada e a esquerda segurando a bandeira olímpica, em nome de todos os participantes.
Pela primeira vez, somente os Comitês Olímpicos Nacionais puderam registrar os atletas participantes. Antes de 1920, algumas associações nacionais não oficiais enviavam representantes para as Olimpíadas.
Também em Antuérpia apareceu a bandeira olímpica, com seus cinco anéis entrelaçados no fundo branco da paz, cada um de uma cor diferente (azul, amarelo, preto, verde e vermelho). Os anéis representam os continentes, mas, de acordo com o COI, é errado o conceito de relacionar uma cor específica a cada um deles. O comitê esclarece que as cores dos anéis, somada à branca da bandeira, representam todas as nações reunidas para participar da Olimpíada.
| PAÍS | OURO | PRATA | BRONZE | ||
|---|---|---|---|---|---|
| 1º | ESTADOS UNIDOS | 41 | 27 | 27 | 95 |
| 2º | SUÉCIA | 19 | 19 | 24 | 62 |
| 3º | REINO UNIDO | 16 | 15 | 13 | 44 |
| 4º | FINLÂNDIA | 15 | 10 | 9 | 34 |
| 5º | BÉLGICA | 14 | 11 | 11 | 36 |
| 6º | NORUEGA | 13 | 10 | 9 | 32 |
| 7º | ITÁLIA | 13 | 5 | 5 | 23 |
| 8º | FRANÇA | 9 | 19 | 13 | 41 |
| 9º | HOLANDA | 4 | 2 | 5 | 11 |
| 10º | DINAMARCA | 3 | 9 | 1 | 13 |
| 11º | ÁFRICA DO SUL | 3 | 4 | 3 | 10 |
| 12º | CANADÁ | 3 | 3 | 3 | 9 |
| 13º | SUÍÇA | 2 | 2 | 7 | 11 |
| 14º | ESTÔNIA | 1 | 2 | 0 | 3 |
| 15º | BRASIL | 1 | 1 | 1 | 3 |
| 16º | AUSTRÁLIA | 0 | 2 | 1 | 3 |
| 17º | ESPANHA | 0 | 2 | 0 | 2 |
JAPÃO | 0 | 2 | 0 | 2 | |
| 19º | GRÉCIA | 0 | 1 | 0 | 1 |
LUXEMBURGO | 0 | 1 | 0 | 1 | |
| 21º | TCHECOSLOVÁQUIA | 0 | 0 | 2 | 2 |
Paavo Nurmi (Finlândia)
O finlandês Paavo Johannes Nurmi, nascido na cidade de Turku no dia 13 de junho de 1897, é um de quatro atletas que conseguiram nove medalhas de ouro olímpicas (nessa lista não está Michael Phelps, recordista isolado de ouros, com 14). Um feito ainda mais impressionante se for considerado que suas medalhas foram ganhas nas mais exigentes provas de fundo e que, quando estava no auge, ele foi proibido de participar dos Jogos sob a acusação de profissionalismo.
Nurmi apareceu pela primeira vez nos Jogos de 1920 na prova dos 5.000 m, ganhando uma medalha de prata, atrás do francês Joseph Guillemot. Três dias mais tarde, superou Guillemot nos 10.000 m. Na sequência, ganhou a prova de cross country individual e ainda outra medalha de ouro, por equipes, conquistada facilmente pela Finlândia.
Carreira vencedora
No dia 10 de julho de 1924, nos Jogos Olímpicos de Paris, Paavo Nurmi realizou uma das maiores campanhas da história olímpica. Começou ganhando o ouro nos 1.500 metros antes de se impor, duas horas mais tarde, nos 5.000 m. No dia seguinte, um dos mais quentes em Paris, o finlandês venceu a prova de cross country (uma modalidade extenuante, de 10.000 m com obstáculos, que atualmente está fora do programa olímpico) com uma vantagem em relação ao segundo colocado de 1min24s6. Ganhou também outra medalha de ouro na mesma modalidade, por equipes.
No outro dia, enquanto a maioria dos seus companheiros ainda tentava se recuperar do esforço, Nurmi venceu a prova dos 3.000 m por equipes. Ele ainda tentou defender seu título nos 10.000 m, ganho em Antuérpia, porém os próprios treinadores finlandeses se recusaram a inscrevê-lo.
Voltando à Finlândia, ainda furioso pela proibição, Nurmi estabeleceu um novo recorde mundial nos 10.000 m, que duraria por mais de 13 anos. Em 1928, concluiu sua carreira olímpica com uma vitória nos 10.000 m e uma medalha de prata nos 5.000 m e nos 3.000 m com obstáculos.
Herói nacional, o corredor causou um dos momentos mais emocionantes da Olimpíada de Helsinque, em 1952, ao entrar no estádio carregando a tocha olímpica. Quando morreu na capital finlandesa, aos 76 anos, em 2 de outubro de 1973, teve um enterro com honras de Estado.
Nurmi apareceu pela primeira vez nos Jogos de 1920 na prova dos 5.000 m, ganhando uma medalha de prata, atrás do francês Joseph Guillemot. Três dias mais tarde, superou Guillemot nos 10.000 m. Na sequência, ganhou a prova de cross country individual e ainda outra medalha de ouro, por equipes, conquistada facilmente pela Finlândia.
Carreira vencedora
No dia 10 de julho de 1924, nos Jogos Olímpicos de Paris, Paavo Nurmi realizou uma das maiores campanhas da história olímpica. Começou ganhando o ouro nos 1.500 metros antes de se impor, duas horas mais tarde, nos 5.000 m. No dia seguinte, um dos mais quentes em Paris, o finlandês venceu a prova de cross country (uma modalidade extenuante, de 10.000 m com obstáculos, que atualmente está fora do programa olímpico) com uma vantagem em relação ao segundo colocado de 1min24s6. Ganhou também outra medalha de ouro na mesma modalidade, por equipes.
No outro dia, enquanto a maioria dos seus companheiros ainda tentava se recuperar do esforço, Nurmi venceu a prova dos 3.000 m por equipes. Ele ainda tentou defender seu título nos 10.000 m, ganho em Antuérpia, porém os próprios treinadores finlandeses se recusaram a inscrevê-lo.
Voltando à Finlândia, ainda furioso pela proibição, Nurmi estabeleceu um novo recorde mundial nos 10.000 m, que duraria por mais de 13 anos. Em 1928, concluiu sua carreira olímpica com uma vitória nos 10.000 m e uma medalha de prata nos 5.000 m e nos 3.000 m com obstáculos.
Herói nacional, o corredor causou um dos momentos mais emocionantes da Olimpíada de Helsinque, em 1952, ao entrar no estádio carregando a tocha olímpica. Quando morreu na capital finlandesa, aos 76 anos, em 2 de outubro de 1973, teve um enterro com honras de Estado.
Outros destaques
- Suzanne Lenglen (França)
A tenista, que dá nome a um dos estádios do complexo do torneio de Roland Garros, faturou sem dificuldades o ouro olímpico em Antuérpia: foram cinco vitórias e nenhum set perdido na campanha do título. Ela ficou famosa também pelos títulos no Aberto da França e em Wimbledon.
- Irmãos Nadi (Itália)
Na esgrima, os irmãos Nadi conseguiram cinco medalhas de ouro e uma de prata. Nedo Nadi teve cinco ouros (florete individual, sabre individual e nas competições por equipes, florete, sabre e espada). Seu irmão Aldo ganhou três de ouro (florete, espada e sabre por equipes) e a de prata na prova individual de sabre.
Da pistola para o martelo
O norte-americano James Howard Snook, que conquistou a medalha de ouro na prova de pistola por equipes no tiro na Olimpíada de 1920, foi executado na cadeira elétrica dez anos depois, em 1930. Snook era um professor da cátedra de veterinária na Universidade de Ohio, nos EUA, e foi culpado de matar a golpes de martelo a sua amante de 25 anos, chamada Theodora Hix, que ameaçava revelar o relacionamento extraconjugal entre os dois para a esposa dele. Ainda mais curioso foi o local escolhido para o assassinato: o crime foi cometido em um carro que estava estacionado na frente de um campo de tiro.
Futuro promissor
O norte-americano John Brendan Kelly, pai da futura princesa de Mônaco, Grace Kelly, disputou as provas de remo e conseguiu um recorde: vencer dois títulos olímpicos em um intervalo de apenas 30 minutos, façanha que nenhum outro atleta alcançou até hoje na história dos Jogos.
Vovô no pódio
Aos 72 anos, com a medalha de prata conquistada no tiro nos Jogos de Antuérpia, Oscar Swahn tornou-se o atleta mais velho da história a subir em um pódio nas Olimpíadas. Swahn fazia parte da equipe sueca na prova de alvo móvel e competiu ao lado do filho, Alfred.
Polivalente
O belga Victor Boin conquistou medalhas em diferentes esportes. No polo aquático, ganhou a prata em 1908 e o bronze em 1912. Em 1920, ficou com a prata, dessa vez na esgrima. Mais tarde, ele se tornaria o presidente do Comitê Olímpico da Bélgica.
O norte-americano John Brendan Kelly, pai da futura princesa de Mônaco, Grace Kelly, disputou as provas de remo e conseguiu um recorde: vencer dois títulos olímpicos em um intervalo de apenas 30 minutos, façanha que nenhum outro atleta alcançou até hoje na história dos Jogos.
Vovô no pódio
Aos 72 anos, com a medalha de prata conquistada no tiro nos Jogos de Antuérpia, Oscar Swahn tornou-se o atleta mais velho da história a subir em um pódio nas Olimpíadas. Swahn fazia parte da equipe sueca na prova de alvo móvel e competiu ao lado do filho, Alfred.
Polivalente
O belga Victor Boin conquistou medalhas em diferentes esportes. No polo aquático, ganhou a prata em 1908 e o bronze em 1912. Em 1920, ficou com a prata, dessa vez na esgrima. Mais tarde, ele se tornaria o presidente do Comitê Olímpico da Bélgica.
Você sabia?
- As mulheres foram mais numerosas que em edições anteriores, porém não o suficiente para o crescente movimento feminista, que decidiu criar os Jogos Femininos em 1921, na cidade de Monte Carlo.
- O atleta norte-americano Morris Kirksey foi detido pela policia belga ao voltar para seu hotel depois de celebrar a vitória na prova de revezamento 4 x 100 m. Ao encontrar a porta do hotel onde estava hospedado trancada, Kirksey tentou escalar a parede para chegar ao seu quarto. Flagrado pela polícia, riram da sua cara quando ele afirmou ser campeão olímpico e que teria que participar da cerimônia de entrega da medalha no dia seguinte. O norte-americano ganhara também a prata nos 100 m e o ouro no torneio de rúgbi. Posteriormente, tornou-se médico-chefe da prisão de San Quintin.
- Joseph Guillemot, de 20 anos, tinha sido descoberto por um oficial do Exército francês em 1918. Durante a guerra, o francês venceu a prova de cross country da sua companhia. Com alguns meses de treinamento, Guillemot se transformou em um dos grandes destaques do atletismo francês. Ganhou os 5.000 m, chegando na frente do lendário finlandês Paavo Nurmi. Inscrito nos 10.000 m, foi avisado apenas uma hora antes da largada que a prova seria às 14h15, e teve de correr sem fazer a digestão, o que lhe provocou fortes dores de barriga durante a prova. Apesar disso, ganhou a medalha de prata, façanha ainda mais valorizada quando se descobriu que correu com calçados dois números maiores que os seus, que haviam sido roubados.
- A modalidade cabo de guerra, vencida pelos britânicos, teve sua última aparição na Olimpíada de Antuérpia. Foi uma maneira de os europeus esquecerem os conflitos da Primeira Guerra Mundial.
- Após a reclamação de um nadador australiano, que acusou um adversário norte-americano de ter-lhe dado um soco durante a final dos 100 m livre, os juízes decidiram realizar a prova novamente. O vencedor inicial, o havaiano Duke Kahanamoku, confirmou a vitória, e o recorde mundial (1min00s4), batido na primeira final, foi validado.
Primeira medalha de ouro olimpica do brasil
Brasil festeja 90 anos da primeira medalha de ouro olímpica

Em julho de 1920, a delegação brasileira embarcou no navio Curvello rumo à Antuérpia, na Bélgica, para disputar seus primeiros Jogos Olímpicos. Enfrentando condições precárias, dormindo no restaurante do Curvello, os atletas seguiram para o que se esperava ser uma campanha desastrosa.
Em uma das escalas, na Ilha da Madeira (Portugal), Roberto Trompowsky, chefe da delegação brasileira, tomou conhecimento de que as provas de tiro esportivo começariam antes do dia 5 de agosto, para quando estava programada a chegada do Curvello na Antuérpia. Para que a equipe brasileira não perdesse a competição, os atiradores desembarcaram na próxima parada, em Lisboa, e seguiram para a Bélgica de trem.
Viajando em um vagão descoberto, à mercê da chuva e do sol, os atiradores Afrânio Costa, Sebastião Wolf, Dario Barbosa, Guilherme Paraense e Fernando Soledade chegaram ao campo de Beverloo, onde ficavam concentradas as equipes de tiro esportivo de todos os países. Tendo à disposição apenas 200 balas calibre 38, quando cada atleta precisava de 75, as condições brasileiras eram muito inferiores as dos adversários e todo o esforço para ir até a Bélgica parecia ter sido em vão.
Concentrada próxima aos brasileiros, a delegação americana dispunha de um arsenal espetacular e passava o tempo livre jogando xadrez. Durante uma partida entre os adversários, Afrânio da Costa deu umas dicas para Alfred Lane e Raymond Bracken e fez amizade com os americanos, estabelecendo contatos preciosos para o futuro. Vendo a precariedade dos equipamentos brasileiros, os americanos cederam dois mil cartuchos e 50 alvos para a delegação estreante.
Em 2 de agosto, dia da prova de pistola livre, Fernando Soledade foi o primeiro brasileiro a atirar. Utilizando uma arma muito precária, o desempenho de Fernando foi tão ruim que chamou a atenção dos novos amigos de Afrânio. Compadecendo-se com a situação dos brasileiros, o coronel Snyders, chefe da delegação americana, cedeu duas armas para a equipe brasileira, fabricadas especialmente para o evento.
Na prova por equipe, revesando a arma americana, Sebastião Wolf, Dario Barbosa, Guilherme Paraense e Afrânio Costa garantiram o bronze, a primeira medalha olímpica do Brasil. Com 489 pontos, Afrânio da Costa ficou apenas sete abaixo do campeão e conquistou a prata, a segunda medalha do dia.
No dia seguinte, o então primeiro-tenente do Exército Guilherme Paraense travou um duelo com o americano Raymond Bracker na prova individual de pistola (hoje, tiro rápido). Com a própria arma em punhos, o brasileiro deu o último tiro certeiro, conseguindo dois pontos a mais que o adversário, e se sagrou campeão olímpico.
No dia 3 de agosto de 1920, o hino nacional brasileiro foi ouvido pela primeira vez em uma Olimpíada e Guilherme Paraense foi o primeiro brasileiro a ter o orgulho de colocar a medalha dourada no peito.
Primaria:Gazeta Esportiva
Secundaria: http://esporte.ig.com.b

Guilherme Paraense, primeiro-tenente do Exército, obteve o feito no tiro em Antuérpia, Bélgica, no dia 3 de agosto de 1920
Em julho de 1920, a delegação brasileira embarcou no navio Curvello rumo à Antuérpia, na Bélgica, para disputar seus primeiros Jogos Olímpicos. Enfrentando condições precárias, dormindo no restaurante do Curvello, os atletas seguiram para o que se esperava ser uma campanha desastrosa.
Em uma das escalas, na Ilha da Madeira (Portugal), Roberto Trompowsky, chefe da delegação brasileira, tomou conhecimento de que as provas de tiro esportivo começariam antes do dia 5 de agosto, para quando estava programada a chegada do Curvello na Antuérpia. Para que a equipe brasileira não perdesse a competição, os atiradores desembarcaram na próxima parada, em Lisboa, e seguiram para a Bélgica de trem.
Viajando em um vagão descoberto, à mercê da chuva e do sol, os atiradores Afrânio Costa, Sebastião Wolf, Dario Barbosa, Guilherme Paraense e Fernando Soledade chegaram ao campo de Beverloo, onde ficavam concentradas as equipes de tiro esportivo de todos os países. Tendo à disposição apenas 200 balas calibre 38, quando cada atleta precisava de 75, as condições brasileiras eram muito inferiores as dos adversários e todo o esforço para ir até a Bélgica parecia ter sido em vão.
Concentrada próxima aos brasileiros, a delegação americana dispunha de um arsenal espetacular e passava o tempo livre jogando xadrez. Durante uma partida entre os adversários, Afrânio da Costa deu umas dicas para Alfred Lane e Raymond Bracken e fez amizade com os americanos, estabelecendo contatos preciosos para o futuro. Vendo a precariedade dos equipamentos brasileiros, os americanos cederam dois mil cartuchos e 50 alvos para a delegação estreante.
Em 2 de agosto, dia da prova de pistola livre, Fernando Soledade foi o primeiro brasileiro a atirar. Utilizando uma arma muito precária, o desempenho de Fernando foi tão ruim que chamou a atenção dos novos amigos de Afrânio. Compadecendo-se com a situação dos brasileiros, o coronel Snyders, chefe da delegação americana, cedeu duas armas para a equipe brasileira, fabricadas especialmente para o evento.
Na prova por equipe, revesando a arma americana, Sebastião Wolf, Dario Barbosa, Guilherme Paraense e Afrânio Costa garantiram o bronze, a primeira medalha olímpica do Brasil. Com 489 pontos, Afrânio da Costa ficou apenas sete abaixo do campeão e conquistou a prata, a segunda medalha do dia.
No dia seguinte, o então primeiro-tenente do Exército Guilherme Paraense travou um duelo com o americano Raymond Bracker na prova individual de pistola (hoje, tiro rápido). Com a própria arma em punhos, o brasileiro deu o último tiro certeiro, conseguindo dois pontos a mais que o adversário, e se sagrou campeão olímpico.
No dia 3 de agosto de 1920, o hino nacional brasileiro foi ouvido pela primeira vez em uma Olimpíada e Guilherme Paraense foi o primeiro brasileiro a ter o orgulho de colocar a medalha dourada no peito.
Primaria:Gazeta Esportiva
Secundaria: http://esporte.ig.com.b
Tiro rápido 25 metros (masculino) Antuérpia 1920
| Pos. | País | Atletas | Pontos |
|---|---|---|---|
| Guilherme Paraense | 274 | ||
| Raymond Bracken | 272 | ||
| Fritz Zulauf | 269 |

ESTADOS UNIDOS
SUÉCIA
REINO UNIDO
FINLÂNDIA
BÉLGICA
NORUEGA
ITÁLIA
FRANÇA
HOLANDA
DINAMARCA
ÁFRICA DO SUL
CANADÁ
SUÍÇA
ESTÔNIA
BRASIL
AUSTRÁLIA
ESPANHA
JAPÃO
GRÉCIA
LUXEMBURGO
TCHECOSLOVÁQUIA
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