segunda-feira, 14 de maio de 2012

HISTÓRIA DAS OLIMPÍADAS X


Londres, 1948

Sede pela 2ª vez, Londres inicia após guerra mundial a reconstrução do Movimento Olímpico

A Olimpíada de Londres, em 1948, foi a resposta do Movimento Olímpico para a Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945. Após um intervalo de 12 anos, um conflito mundial que deixou um saldo de 20 milhões de mortos e sem o Barão de Coubertin, que morreu em 1937, os Jogos Olímpicos só renasceram graças ao entusiasmo de alguns membros do COI (Comitê Olímpico Internacional).
 
Após a morte Coubertin, em 1937, e do seu sucessor, o belga Henri Baillet-Latour (que morreu ao ser avisado da morte em combate de seu filho), o Movimento Olímpico estava fraco. Tanto que o presidente interino do COI, o sueco Sigfrid Edstroem, convocou o comitê executivo e só compareceram à reunião o norte-americano Avery Brundage e o britânico Lord Aberdale.
 
Com a guerra, as edições dos Jogos marcadas para Tóquio (1944) e Londres (1948) foram canceladas. Em 1948, Tóquio ainda não tinha condições de organizar os Jogos e deixou a disputa. Londres herdou o direito de organizar o evento após vencer, em fevereiro de 1946, em votação pelo correio, a suíça Lausanne e quatro cidades norte-americanas: Baltimore, Los Angeles, Minneapolis e Filadélfia.
 
O comitê de organização foi presidido por Lord Burghley, campeão olímpico dos 400 m com barreiras em 1924, prata em 1928 e herói de guerra como aviador da Real Força Aérea britânica, a RAF.
 
Muitos atletas que tinham participado dos Jogos de 1936 morreram na guerra, entre eles campeões olímpicos como o nadador húngaro Ferenc Csik (100 m livre e 4 x 200 m livre) e os alemães Carl Long (salto em distância), Wilhelm Leichum (4 x 100 m), Rudolph Harbig (4 x 400 m) e Hans Woelke (arremesso de peso).
 
Várias nações pediram ao COI a exclusão dos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), como já havia acontecido com os perdedores da Primeira Guerra Mundial. A Itália foi a única que competiu. A ausência de um governo reconhecido foi a alegação oficial para a Alemanha não ser convidada. Os japoneses, convidados, preferiram não ir.
 
A União Soviética manteve sua política de isolamento, iniciada em 1917, e não participou. Novos países comunistas, como a Tchecoslováquia, resolveram participar.
 
Basquete dá ao Brasil medalha após 28 anos
 
Depois de três Olimpíadas sem conquistar medalha, o Brasil finalmente voltou ao pódio, com a seleção masculina de basquete, que ganhou a medalha de bronze. Foi a primeira do Brasil em esportes coletivos.
 
O Brasil disputou 11 modalidades e teve poucos destaques além do basquete. No atletismo, o melhor desempenho foi no salto triplo masculino, iniciando o ciclo de conquistas da prova mais vitoriosa do atletismo nacional. Hélio da Silva terminou em oitavo lugar, com 14,49 m. Adhemar Ferreira da Silva, bicampeão nas duas Olimpíadas seguintes, não conseguiu passar das eliminatórias.
 
No basquete, o time masculino fez uma campanha surpreendente em Londres-1948. Com sete vitórias consecutivas, a equipe perdeu apenas na semifinal, contra a França. Na disputa pelo bronze, o time treinado por Moacyr Daiuto venceu o México por 52 a 47, garantido a medalha que não era conquistada havia 28 anos.



FICHA

Países participantes
59
Número de modalidades
19
Número de atletas
4.104 (3.714 homens, 390 mulheres)
Participação do Brasil
34º lugar
Data de abertura
29 de Julho de 1948
Data de encerramento
14 de Agosto de 1948


PAÍS
OUROPRATABRONZE 
ESTADOS UNIDOS38271984
SUÉCIA16111744
FRANÇA1061329
HUNGRIA1051227
ITÁLIA811827
FINLÂNDIA87520
TURQUIA64212
TCHECOSLOVÁQUIA62311
SUÍÇA510520
34ºBRASIL0011

Micheline Ostermeyer (França)

A francesa Micheline Ostermeyer, nascida em 23 de dezembro de 1922, em Rang-du-Fliers, surpreendeu nos Jogos de Londres.
 
Pianista clássica, quatro semanas antes ela tinha se formado, com honra, no Conservatório de Música de Paris.
 
Na Inglaterra, encantou o mundo ao ganhar duas medalhas de ouro, no lançamento de disco e no arremesso de peso, e uma de bronze, no salto em altura.
 
Dividida entre o piano e o peso
 
Nos primeiros Jogos do pós-guerra, com instalações esportivas precárias e poucos recordes batidos, Micheline Ostermeyer ficou atrás apenas de Fanny Blankers-Koen na soma final de medalhas.
 
Estrela do atletismo, foi campeã nacional em oito oportunidades, em cinco diferentes modalidades (arremesso de peso, lançamento de disco, 80 m com barreiras, 60 m rasos e heptatlo).
 
A fama como atleta, porém, quase estragou sua carreira na música clássica. Após as medalhas olímpicas, ela tirou de seu repertório, por seis anos, o compositor húngaro Franz Liszt, considerado muito "esportivo".
 
Ainda na infância, Micheline mudou-se com a família para o norte da África. Aos 13 anos, nova mudança, para Paris, onde começou a estudar música.
 
Voltou para a Tunísia quando a Segunda Guerra Mundial foi declarada e, ainda adolescente, começou sua vida dupla, de atleta e pianista. Fazia parte do Sport Clube de Tunis e dava um concerto semanal de piano numa rádio. "O esporte me ensinou a relaxar. O piano me deixou com os bíceps fortes e me deu noção de ritmo", dizia, defendendo a dupla jornada.
 
No início dos anos 1950, ela abandonou definitivamente as pistas para se dedicar exclusivamente à música. Durante os anos 1960, executou mais de 100 concertos pela Europa antes virar professora de piano. Micheline morreu em Rouen, em 15 de outubro de 2001, aos 78 anos.
 
Outros destaques
 
  • Paul Elvstron (Dinamarca)
    Em Londres, o velejador mais vitorioso da história olímpica começou sua trajetória. O ouro na classe Firefly (que depois virou Finn) foi o primeiro de quatro consecutivos. Ele velejou em oito Olimpíadas.
     
  • Tore Holm (Suécia)
    Outro velejador, conquistou com sua tripulação o bronze na classe 6 metros. Na Antuérpia, em 1920, tinha conquistado o ouro na classe 40 metros. Com isso, Holm tornou-se o atleta que venceu medalhas com o maior intervalo de tempo: 28 anos.

Dona de casa voadora

A holandesa Fanny Blankers-Koen ganhou o apelido de "dona de casa voadora" ao ganhar quatro ouros (100 m, 200 m, 80 m com barreiras e revezamento 4 x 100 m). Com 30 anos, calou os críticos que pediram para ela voltar para cuidar de seus dois filhos pequenos. Só não subiu mais ao pódio (era recordista mundial do salto em altura e em distância) porque a regra à época limitava as mulheres a apenas três provas individuais. Aos 18 anos, em sua primeira Olimpíada, o rendimento não foi tão brilhante: quinto lugar no 4 x 100m e sexto no salto em altura.
Nu na piscina
 
Pouco antes da largada de uma das séries dos 100 m livre, um nadador paquistanês tirou seu roupão e percebeu que tinha esquecido de vestir o maiô. Na tentativa de esconder sua nudez, ele se atirou na piscina. Os juízes da competição decidiram desclassificá-lo.
 
Quebrando barreiras
 
Alice Coachman (EUA) venceu a prova de salto em altura, tornando-se a primeira mulher negra a ganhar uma medalha de ouro. Anos mais tarde, ela foi a primeira negra a representar a marca de um produto de consumo: foi escolhida como garota-propaganda da Coca-Cola.
 
Mão boba
 
O ouro de Karoly Takacs na pistola rápida não seria anormal se não tivesse sido conquistado com a mão esquerda. Ele perdeu a direita em 1938, ao manusear uma granada com defeito que explodiu. Após um mês no hospital, passou a treinar a mão esquerda.

Você sabia?
 
  • A ginasta tcheca Marie Provaznikova foi a primeira atleta olímpica a desertar para o Ocidente. Ela explicou sua atitude pela "falta de liberdade de expressão, censura à imprensa e proibição de se reunir" depois da intervenção soviética em seu país, em fevereiro de 1948.
     
  • As provas da natação foram disputadas na Empire Pool, uma piscina alugada para os Jogos, de 50 metros e construída em uma antiga pista de patinação. Londres ainda estava em reconstrução após a guerra.
     
  • Com a divisão da Índia em dois países (Índia e Paquistão), os indianos sofreram um importante êxodo de seus jogadores de hóquei na grama. Apenas um atleta da equipe campeã nos Jogos de Londres tinha participado da Olimpíada de 1936.
     
  • Nos 100 m, o norte-americano Barney Ewell cruzou a linha e olhou para o lado. Seu adversário mais próximo estava um metro atrás. Ele comemorou. Não contava, porém, com o compatriota Harrison Dillard, que, na raia externa, foi o vencedor.

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