sexta-feira, 18 de maio de 2012

HISTÓRIA DAS OLIMPÍADAS XIX


Los Angeles, 1984

Soviéticos revidam boicote, mas Olimpíada tem recorde de participação e show de tecnologia

Depois da debandada de Moscou, foi a vez de os soviéticos revidarem o boicote dos Estados Unidos. Mas nem a ausência da União Soviética e seu bloco de aliados socialistas, como Cuba e a Alemanha Oriental, impediu que Los Angeles obtivesse um número recorde de países participantes: 140. Os Jogos também marcaram a volta da China à competição após 32 anos de ausência.
Os Estados Unidos receberam uma Olimpíada depois de 52 anos. Bem-organizados, os Jogos de Los Angeles mostraram um show de tecnologia. Na cerimônia de abertura, o ponto alto foi quando um homem voou sobre o estádio Coliseum com uma mochila a jato.
 
Sem os principais rivais, os norte-americanos lideraram a competição com 174 medalhas, mais do que o triplo da Romênia, segunda colocada com 53.
 
Pela primeira vez, uma edição dos Jogos foi financiada pela iniciativa privada. Tudo foi colocado à venda: desde o percurso de 19 mil quilômetros da tocha olímpica até a piscina olímpica, construída pela rede de lanchonetes McDonald's.
 
Joaquim Cruz e a geração de prata
 
Após o bom desempenho em Moscou, o Brasil enviou uma delegação ainda maior para Los Angeles. Com 166 atletas, sendo 145 homens e 21 mulheres, o país dobrou o número de medalhas conquistadas, com oito no total, um recorde até então: um ouro, cinco pratas e dois bronzes.
 
O brasiliense Joaquim Cruz foi o único vencedor do país e de quebra estabeleceu novo recorde olímpico nos 800 m rasos, 1min43s00, que durou até Atlanta-1996. Já a seleção masculina de vôlei perdeu apenas para os anfitriões e foi vice-campeã. William, Bernard, Montanaro, Xandó, Rernan, Amauri e cia. ficaram conhecidos como a geração de prata.
 
Na natação, o então recordista mundial Ricardo Prado conquistou a medalha de prata nos 400 m medley, com 4min18s45. O Brasil também manteve a tradição de pódios na vela e trouxe mais pratas, com Torben Grael e Daniel Adler, na classe Soling. Outro esporte que rendeu medalhas foi o judô, com a prata de Douglas Vieira na categoria meio-pesado e dois bronzes, de Walter Carmona (médio) e Luís Onmura (leve).
 
No futebol, a seleção foi à final pela primeira vez e acabou com o vice. Na primeira competição em que os profissionais puderam atuar (desde que não tivessem participado de Copas do Mundo), o Brasil foi derrotado pela França por 2 a 0. A base do time foi o Internacional, e o time teve Dunga, Mauro Galvão e o goleiro Gilmar. O técnico era Jair Picerni.

FICHA

Países participantes
140
Número de modalidades
23
Número de atletas
6.829 (5.263 homens, 1.566 mulheres)
Participação do Brasil
19º lugar
Data de abertura
28 de Julho de 1984
Data de encerramento
12 de Agosto de 1984
 PAÍSOUROPRATABRONZE 
ESTADOS UNIDOS836130174
ROMÊNIA20161753
ALEMANHA OCIDENTAL17192359
CHINA158932
ITÁLIA1461232
CANADÁ10181644
JAPÃO1081432
NOVA ZELÂNDIA81211
IUGOSLÁVIA74718
19ºBRASIL1528



Carl Lewis (Estados Unidos)

Um dos maiores atletas de todos os tempos, o norte-americano Carl Lewis viveu seu auge nos Jogos de 1984, em que faturou quatro medalhas de ouro. A primeira, nos 100 m rasos, vencidos com 20 centésimos e 2,5 metros de vantagem para o segundo colocado, seu compatriota Sam Graddy. Lewis cravou 9s99.
 
O segundo ouro veio no salto em distância. Logo em seu primeiro salto, Lewis alcançou a marca de 8,54 m. Preocupado com a prova dos 200 m, preferiu se poupar e não se apresentou nas séries seguintes. Sob vaias do público, que esperava sua apresentação, ele saltou na quinta série, mas queimou a marca. Mesmo assim, venceu, uma vez que seus rivais diretos não passaram dos 8,24 m.
 
Nos 200 m, enfim, Lewis quebrou o recorde olímpico e levou seu terceiro ouro, com 19s80. A última conquista foi com o quarteto norte-americano do revezamento 4 x 100 m, que lhe valeu o quarto ouro.
 
Coadjuvante do escândalo
 
Na edição seguinte dos Jogos, em Seul-1988, Carl Lewis voltou a triunfar nos 100 m rasos, mas apenas ao final de um escândalo protagonizado pelo jamaicano naturalizado canadense Ben Johnson. Johnson venceu o duelo com Lewis na prova mais rápida do atletismo, mas foi desclassificado após ter sido pego em exame antidoping que apontou o uso de esteroides.
 
Nas prévias da final, Lewis tinha superado Johnson nas duas corridas que travaram. Nas eliminatórias dos 100 m, o norte-americano cravou 10s14, contra 10s17 de Johnson. Na semifinal, Lewis correu em 9s97, e o rival, em 10s03. Com a comprovação da fraude, foi declarado vencedor com sua marca do segundo lugar, 9s92.
 
Carl Lewis ganhou ainda outro ouro, no salto em distância, e uma prata, nos 200 m, na Coreia do Sul. Na Olimpíada seguinte, em Barcelona-1992, seu domínio no salto em distância se manteve, e ele obteve seu terceiro ouro na prova, além de ajudar o time dos EUA a vencer no revezamento 4 x 100 m. Finalmente, em Atlanta-1996, em sua última Olimpíada, o atleta alcançou o feito de levar o quarto ouro consecutivo no salto em distância.
 
Outros destaques
 
  • Evelyn Ashford (EUA)
    Evelyn venceu os 100 m rasos, com direito a recorde mundial, e foi fundamental no revezamento 4 x 100 m da equipe norte-americana. Sua carreira se estendeu por Seul-1988 e Barcelona-1992, onde levou mais dois ouros com os quartetos dos EUA.
     
  • Naroli Fairhall (Nova Zelândia)
    Nas provas de tiro com arco, Naroli Fairhall tornou-se a primeira paraplégica a participar de uma edição dos Jogos Olímpicos. Fairhall, que sofreu um grave acidente que a deixou paralisada da cintura para baixo, competiu sentada em sua cadeira de rodas. Muito aplaudida, ela obteve a 35ª colocação.

Prejuízo olímpico

A rede norte-americana de fast food McDonald's não imaginava o boicote socialista aos Jogos Olímpicos de Los Angeles quando lançou a promoção "Quando os EUA vencem, você vence" em âmbito nacional. Cada ouro conquistado por um atleta do país valia um hambúrguer, uma prata dava direito a uma batata frita e um bronze rendia um refrigerante de graça aos clientes. Resultado: milhões de dólares de prejuízo, porque os norte-americanos eram barbada nas disputas. Posteriormente, o seriado de TV "Os Simpsons" ironizou esse episódio com Lisa e o palhaço Krusty.
Atropelado e atropelador
 
O norte-americano Bruce Kimball, dos saltos ornamentais, ganhou a medalha de prata na plataforma. Kimball havia sofrido um grave acidente em 1981, quando foi atropelado por um motorista bêbado. Em 1988, o mesmo Kimball, sob efeito de álcool, atropelaria um grupo de jovens, matando dois deles. Ele foi condenado a 17 anos de prisão.
 
Coisa de família
 
No atletismo, o grande destaque foi o norte-americano Frederick Carlton Lewis, mais conhecido como Carl Lewis. Seu pai e seu irmão foram jogadores de futebol americano; sua mãe, Evelyn, competiu no Pan de Buenos Aires-1951. Nos Jogos de Los Angeles, Carol, sua irmã, foi a nona colocada no salto em distância.
 
Medalha engasgada
 
O norte-americano Edwin Moses, campeão olímpico dos 400 m com barreiras em 1976, foi o encarregado de prestar o juramento olímpico. Paralisado pela emoção, tentou três vezes antes de conseguir finalizá-lo. Fora dos Jogos de Moscou-1980 devido ao boicote dos EUA aos soviéticos, Moses voltou a ganhar a prova em Los Angeles.
 
Você sabia?
 
  • No basquete, a final masculina foi um massacre dos EUA sobre a Espanha, 95 a 65. A equipe norte-americana ganhou todas as suas partidas, com média de 32 pontos de vantagem. A estrela foi o depois superastro da NBA Michael Jordan, que registrou uma média de 17 pontos por jogo.
     
  • O marroquino Said Aouita, ouro nos 5.000 metros, dominou as provas de fundo durante anos. Em seu retorno, o rei Hassan 2º, de Marrocos, batizou o trem que liga Rabat a Casablanca com seu nome como homenagem pela vitória em Los Angeles.
     
  • No torneio de boxe, um futuro campeão mundial ganhou destaque, apesar de perder na semifinal. Evander Holyfield foi desclassificado, depois de nocautear seu adversário, por ter dado um golpe depois que o árbitro tinha parado a luta.
     
  • A tocha olímpica entrou no Estádio Olímpico pelas mãos de Gina Memphill, neta de Jesse Owens, que conquistou quatro medalhas de ouro nos Jogos de Berlim-1936, para desgosto do então líder alemão Adolf Hitler.







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