sexta-feira, 18 de maio de 2012

HISTÓRIA DAS OLIMPÍADAS XX


Seul, 1988



Na era pós-boicotes, escândalo de doping no atletismo marca os Jogos da Coreia do Sul

Depois de três edições tumultuadas, a grande maioria dos países filiados ao Comitê Olímpico Internacional (COI) voltou a participar dos Jogos, na Coreia do Sul. Após os boicotes de africanos em Montreal-1976, dos norte-americanos em Moscou-1980 e dos soviéticos em Los Angeles-1984, a Olimpíada enfim foi disputada pelas maiores potências do esporte, com exceção de Cuba.
A maior preocupação do COI em relação a Seul era a falta de apoio popular do governo sul-coreano e a constante hostilidade com a vizinha Coreia do Norte. Sob pressão, os organizadores oficializaram um convite aos norte-coreanos, que preferiram não participar. Na cerimônia de abertura, o vencedor da maratona olímpica de 1936, em Berlim, Song Kee-chung, obrigado, na época, a competir sob a bandeira do Japão, levou a tocha olímpica.
 
Se a organização foi impecável, um escândalo de doping manchou a Olimpíada. O canadense Ben Johnson, vencedor dos 100 m rasos com 9s79, foi desclassificado três dias depois, após um exame apontar o uso de esteroides anabolizantes. A vitória ficou então com o norte-americano Carl Lewis, que correu a prova em 9s92.
 
Judô dá único ouro ao Brasil
 
O único ouro do Brasil veio no judô, com Aurélio Miguel, que venceu cinco combates na categoria meio-pesado. No atletismo, o então recordista olímpico Joaquim Cruz não repetiu o feito de Los Angeles e, com 1min43s90, ficou com a prata. Robson Caetano levou bronze nos 200 m, com o tempo de 20s4.
 
A segunda prata do Brasil em Seul veio com a seleção de futebol, que repetiu o resultado de quatro anos antes. Sob o comando de Carlos Alberto Silva, o time, que teve Taffarel, André Cruz, Mazinho, Jorginho, Neto, Bebeto, Ricardo Gomes e Valdo, perdeu a final para a União Soviética por 2 a 1 na prorrogação. Romário foi o artilheiro do torneio.
 
Na vela, vieram mais dois bronzes, com Torben Grael e Nelson de Barros Falcão, na classe Star, e Lars Grael e Clinio Freitas, na Tornado.
 
No basquete, a equipe masculina liderada por Oscar Schmidt ficou na quinta colocação. Na fase classificatória, contra a Espanha, Oscar marcou 55 pontos, recorde olímpico de pontos em um jogo. No vôlei, o Brasil obteve um quarto lugar no masculino e um sexto no feminino.

FICHA

Países participantes
159
Número de modalidades
25
Número de atletas
8.391 (6.197 homens, 2.194 mulheres)
Participação do Brasil
24º lugar
Data de abertura
17 de Setembro de 1988
Data de encerramento
02 de Outubro de 1988

PAÍS
OUROPRATABRONZE 
UNIÃO SOVIÉTICA553146132
ALEMANHA ORIENTAL373530102
ESTADOS UNIDOS36312794
CORÉIA DO SUL12101133
ALEMANHA OCIDENTAL11141540
HUNGRIA116623
BULGÁRIA10121335
ROMÊNIA711624
FRANÇA64616
24ºBRASIL1236

Kristin Otto (Alemanha Oriental)

Dona de quatro títulos Mundiais em 1986 e de cinco ouros no Campeonato Europeu de 1987, a alemã oriental Kristin Otto provou ser uma nadadora completa ao ficar com a medalha de ouro em três estilos diferentes da natação. Ao final dos Jogos, ela foi eleita pelo Comitê Olímpico Internacional a melhor atleta de Seul-1988.
 
No estilo livre, Kristin não deu chances para as adversárias, vencendo com tranquilidade os 50 m e os 100 m, com os tempos de 25s49 e 54s93, respectivamente. Além disso, ela teve a honra de ser a primeira atleta a vencer a prova mais rápida da natação, que estreou no programa olímpico da modalidade. Kristin também faturou nos 100 m costas e nos 100 m borboleta.
 
Para completar o quadro, a atleta comandou os quartetos da Alemanha Oriental para vencer as duas provas do revezamento (4 x 100 m livre e 4 x 100 m medley).
 
Foi a última participação olímpica da Alemanha Oriental, que ficou na segunda colocação, atrás da União Soviética. Dois anos mais tarde, o país iria se juntar novamente à porção ocidental e formar a Alemanha unificada.
 
Supremacia e versatilidade
 
Na disputa mais emocionante, nos 50 m livre, Kristin superou a chinesa Yang Wenyi, que havia batido nove recordes mundiais. A alemã contou com seu porte físico (1,86 m de altura) para vencer por "meio braço" a adversária e cravar 25s49. Yang fez 25s64. Nos 100 m livre, a alemã travou duelo com outra chinesa, Zhuang Yong. Kristin faturou seu segundo ouro com a marca de 54s93; Zhuang levou a prata com 55s47.
 
Em outros estilos, a alemã também dominou o pódio. Nos 100 m costas, Kristin bateu meio corpo à frente da húngara Krisztina Egerszegi e ganhou ouro com o tempo de 1min00s89. A versatilidade de Kristin também lhe valeu o ouro nos 100 m borboleta, com 59s00, seguida de uma compatriota, Birte Weigang, que nadou em 59s45.
 
Nascida em Postdam no dia 7 de fevereiro de 1966, Kristin Otto anunciou sua despedida da natação no Campeonato Europeu de 1989, realizado em Bonn, na Alemanha Ocidental.
 
Outros destaques
 
  • Florence Griffith-Joyner (EUA)
    Rainha dos Jogos, a norte-americana Florence Griffith-Joyner ganhou três ouros, nos 100 m e 200 m (batendo o recorde mundial nas duas oportunidades) e no revezamento 4 x 100 m, além de uma de prata no revezamento 4 x 400 m.
     
  • Matt Biondi (EUA)
    Revelação masculina da natação, Biondi ganhou cinco medalhas de ouro, duas delas individuais e três com os revezamentos. Também foi medalha de prata nos 200 m livre e nos 100 m borboleta, prova em que Anthony Nesty, do Suriname, tornou-se o primeiro nadador negro a levar ouro na história das Olimpíadas.

Dois nomes, a mesma cara

A minoria turca da Bulgária ganhou um destaque nunca antes visto nos Jogos. O boxeador Ivailo Hristov ganhou ouro na categoria mosca ligeiro. Poucos notaram que se tratava do mesmo pugilista que tinha conquistado o bronze em 1980, com o nome de Ismail Hjuseinov. Como pertencia à minoria turca da Bulgária, ele era obrigado pelo governo a mudar seu nome. A Bulgária também levou ouro com Naim Suleymanoglu, que era chamado de "Hércules de Bolso" por seu 1,50 m de altura. Ele venceu na categoria até 60 kg do levantamento de peso.
Confusão auditiva
 
O torneio de boxe foi disputado em dois ringues, um com um sino e outro, ao lado, com uma campainha. Durante a luta entre o sul-coreano Chun Jin-chul e o norte-americano Todd Foster, o sino do outro ringue tocou. Chun parou, mas Foster, percebendo o que acontecia, golpeou o rival, nocauteando-o. Os juízes anularam a luta e a repetiram. Foster venceu novamente.
 
A volta do tênis
 
Depois de 64 anos de ausência, o tênis voltou aos Jogos Olímpicos. Em simples, ganhou o eslovaco Miroslav Mecir. Em duplas, deu Estados Unidos, com Robert Flach e Robert Seguso. Entre as mulheres, a campeã foi a alemã Steffi Graf, que derrotou na final a argentina Gabriela Sabatini. Também em Seul, o tênis de mesa fez sua estreia na Olimpíada.
 
Susto no trampolim
 
Na prova de trampolim dos saltos ornamentais, o norte-americano Greg Louganis calculou mal um de seus saltos e deu um susto no público que acompanhava a disputa. Na queda, Louganis bateu a cabeça no trampolim e precisou levar quatro pontos. Mesmo assim, recuperou-se e, com uma execução perfeita, ganhou a medalha de ouro.

Você sabia?
 
  • Os Jogos de Seul foram os últimos em que a cerimônia de abertura foi realizada durante o dia. Nas competições seguintes, a festa passou a ser à noite.
     
  • Arvydas Sabonis, de origem lituana, foi o fator de desequilíbrio na vitória da União Soviética sobre a Iugoslávia na final do basquete. Anteriormente, os soviéticos tinham derrotado os Estados Unidos, que, inconformados, decidiram enviar aos Jogos seguintes uma equipe com jogadores da liga profissional NBA.
     
  • Cunhada da estrela do atletismo Florence Griffith-Joyner, dona de quatro medalhas, Jacqueline Joyner-Kersee levou o ouro no salto em distância e no heptatlo.
     
  • Os africanos deram um fim na hegemonia britânica nas provas de fundo do atletismo. Os 800 m, 1.500 m e 5.000 m foram vencidos por quenianos: Paul Ereng, Peter Rono e John Ngugi. Nos 10.000 m, o ouro foi do marroquino Moulay Boutaib. Nos 3.000 m com obstáculos, do queniano Julius Kariuki.

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