terça-feira, 22 de maio de 2012

HISTÓRIA DAS OLIMPÍADAS XXV - FINAL


Pequim, 2008

China se abre ao mundo ocidental e comprova sua força ao superar os Estados Unidos


A China cumpriu seus objetivos como sede dos Jogos Olímpicos de Pequim. Grande potência emergente, o país tradicionalmente fechado abriu suas portas para turistas de todo o mundo e mostrou que também sabe ser moderno.
As construções do Cubo D’Água e do estádio Ninho de Pássaro impressionaram os visitantes, que viram de perto o boom da publicidade local. A preparação intensa para que os Jogos saíssem perfeitos até sofreu abalos, como os protestos no tour da tocha olímpica que antecedeu a competição.
O resultado esportivo, no entanto, apagou qualquer dúvida do potencial da China. O país asiático conquistou nada menos que 51 medalhas de ouro, contra 36 dos Estados Unidos. Foi a primeira derrota norte-americana no quadro de medalhas desde 1992, quando a Comunidade dos Estados Independentes (CEI, antiga União Soviética) venceu.
O número significativo de ouros foi resultado de um longo projeto de crescimento esportivo. Desde 2000, a China investiu pesado em esportes nos quais não tinha tradição, como esgrima, boxe, remo e ginástica, entre outros. Essas modalidades têm a característica de distribuir muitas medalhas nos Jogos Olímpicos.
Brasil abaixo do esperado
Se a China teve muito a comemorar, o Brasil nem tanto. No primeiro ciclo olímpico completo com verba da Lei Piva, que destina dinheiro das loterias ao esporte, o país foi pior, em termos qualitativos, que quatro anos antes, em Atenas-2004.
Foram três ouros, quatro pratas e oito bronzes, contra cinco ouros, duas pratas e três bronzes nos Jogos na Grécia, em 2004. Relativamente pouco para o investimento de cerca de R$ 1 bilhão de dinheiro público desde 2002.
As notícias boas vieram da delegação feminina. Ketleyn Quadros, do judô, conquistou a primeira medalha individual de uma brasileira na história, de bronze. Dias depois, Maurren Maggi foi mais longe, ganhando o ouro inédito no salto em distância. As meninas do vôlei completaram a lista de conquistas com o título na quadra.
Nas piscinas, Cesar Cielo ascendeu como um dos maiores nomes da modalidade em todo o planeta. Com um bronze nos 100 m e o ouro nos 50 m, o paulista de Santa Bárbara D’Oeste colocou seu nome entre os heróis olímpicos verde-amarelos.

FICHA

Países participantes
204
Número de modalidades
28
Número de atletas
10.942 (6.305 homens, 4.637 mulheres)
Participação do Brasil
23º lugar
Data de abertura
08 de Agosto de 2008
Data de encerramento
24 de Agosto de 2008


PAÍS
OUROPRATABRONZE
CHINA512128100
ESTADOS UNIDOS364038114
RÚSSIA23192870
REINO UNIDO19131547
ALEMANHA16101541
AUSTRÁLIA14151746
CORÉIA DO SUL1310831
JAPÃO961025
ITÁLIA8101028
22ºBRASIL34815



Michael Phelps (Estados Unidos)


O nadador norte-americano já tinha sido o destaque dos Jogos de Atenas, aproximando-se do recorde de medalhas em uma mesma edição. Em Pequim, ele foi mais longe. Michael Phelps conquistou oito medalhas de ouro e pulverizou a marca de Mark Spitz, seu conterrâneo e também nadador, que havia sido campeão olímpico sete vezes em Munique, em 1972.
Entre os maiores da história pelas idas ao pódio, Phelps ainda chegou a 25 recordes mundiais quebrados, feito inédito na história da natação. Seu peso para o desempenho global dos Estados Unidos também foi notável.
Quando acabaram as competições de natação, os Estados Unidos tinham 16 ouros no quadro de medalhas. Desses, 12 eram das piscinas, sendo oito de Phelps. Na conta final, o nadador foi o responsável por 22% dos títulos olímpicos do seu país em toda a Olimpíada.
Phelps foi campeão nadando os 200 m e os 400 m medley, os 200 m livre, o 4 x 100 m livre, o 4 x 200 m livre, o 4 x 100 m medley, os 100 m e os 200 m borboleta. Anotou o recorde mundial em todas, menos na mais emocionante delas.
Nos 100 m borboleta, já extenuado por uma maratona, Michael Phelps estava em desvantagem e só garantiu a vitória sobre Milorad Cavic na batida de mão. O ouro decisivo saiu por apenas um centésimo.
Usain Bolt
O jamaicano foi o grande nome do atletismo, ganhando tudo que podia no Ninho de Pássaro, estádio que recebeu o esporte em Pequim. Seria o grande destaque dos Jogos se Michael Phelps não tivesse assombrado o mundo com seu estrondoso desempenho. 
Desconhecido até o início do ano, Bolt chegou aos Jogos com a melhor marca dos 100 m. Na final, ele assombrou o mundo ao quebrar a própria marca, com direito a desaceleração no fim. Nos 200 m, mais um ouro com melhor tempo da história. O primeiro lugar com a Jamaica no revezamento 4 x 100 m só coroou o mais novo astro do atletismo. 



Cadê a vara? Sumiu!


Fabiana Murer protagonizou um dos momentos mais lamentáveis dos Jogos Olímpicos de Pequim. Lamentável e triste, especialmente para ela. A atleta era uma das esperanças de medalha do Brasil, mas teve uma surpresa desagradável bem na final de sua prova, o salto em altura.
Uma de suas varas, que era usada para uma altura específica, simplesmente desapareceu. As cenas da atleta desesperada, procurando o material, rodaram o mundo. Fabiana Murer perdeu a concentração e, consequentemente, não conseguiu a marca que precisava para prosseguir na competição, vencida com direito a recorde pela russa Yelena Isinbayeva.
Juiz azarado
O cubano Angel Valodia disputava o bronze entre os pesados no taekwondo quando foi eliminado por um dos juízes. Quando ele fazia o gesto que caracterizava a desclassificação, Valodia, irritado, acertou um chute no seu queixo, deixando-o sangrando. Ele e seu técnico foram banidos de todas as competições internacionais.
Abandono de medalha
O sueco Ara Abrahamian também chamou atenção pela indisciplina. Ele ganhou o bronze na categoria até 84 kg da luta greco-romana, mas, por não concordar com uma decisão dos árbitros na sua semifinal, após receber a medalha, jogou-a no chão, irritado, e deixou, contrariado, o local da premiação.
Você sabia?
  • A seleção masculina de vôlei dos EUA sofreu um trauma antes dos Jogos. O sogro do técnico da equipe foi morto a facadas durante uma visita a um ponto turístico. O agressor, cuja motivação não foi esclarecida, suicidou-se logo em seguida, atirando-se do segundo andar do monumento onde eles estavam.
  • Ronaldinho Gaúcho, que esteve nos Jogos com a seleção de futebol, sofreu com o antidoping. Ele foi sorteado três vezes pela organização e passou, ao todo, dez horas tentando urinar para que o exame fosse feito.
  • Na cerimônia de abertura, considerada quase perfeita pela crítica mundial, uma criança cantora foi dublada. A organização resolveu “esconder” a dona da bela voz por entender que ela não era “perfeita” o suficiente para ser exibida na festa. 



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